quarta-feira, 23 de abril de 2008

o sonhador


Pacheco era jovem. Muito jovem. 25 anos (quase) bem vividos. Formou-se naquilo que sempre sonhou e, com isso, sentia que tinha feito algo na vida. Alto, cabelos negros, olhos expressivos, algumas vezes não sabia ao certo o que queria. Mas sabia o que não lhe agradava. Lia muito. Lia tudo. Lia, lia, lia, o tempo inteiro. Certo dia alguém lhe disse que mente vazia é um prato cheio para pensamentos ruins e inúteis. Então, mantinha a necessidade de estar sempre informado e, de preferência, lendo. Nem sempre conseguia absorver tudo o que estava escrito, mas seguia mesmo assim. Sua mente sossegava nos momentos de profunda preguiça. Aí seu caminhar era lento, cada passo era feito bem devagarzinho. Se pudesse, preferia nem andar nesses dias de preguiça. Mas não era uma preguiça sem sentido. Era uma preguiça diferente. Talvez só ele fosse capaz de compreendê-la. Num desses dias de preguiça, percebeu que pensava demais. Mais da metade de sua energia (que era muita) estava sendo gasta no campo do pensamento, das idéias, dos sonhos. Isso o alimentava, claro. Senão não pensava tanto. Na noite em que se deu conta disso, Pacheco sonhou. Que agia, que fazia isso e aquilo, que tinha uma lista de coisas feitas por ele. Somente por ele. E mais uma vez, sonhou...

2 comentários:

Ricardo disse...

Pacheco já tem tudo, sonhar é um exercício sem fim e um privelégio de poucos. Sonha muito Pachecão :)

Anônimo disse...
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