segunda-feira, 29 de setembro de 2008

estalo

anos e anos
consumindo todos os dias
por completo
por inteiro

um prato
que foi colocado
bem a minha frente
isso é teu!

má digestão
pré-conceitos. padronizado.
e quando o espelho se aproxima
ponto de interrogação. ?

ponto de exclamação. !
ponto.
sem um ponto
que seja final.

yo

caixas de papelão
cada uma de um tamanho diferente
uma dentro da outra.
uma por uma.
revirada
revista
remexida
reencontrada
revisada
reeditada
revisitada
revitalizada
revivida.

lá fora

fome, supermercado
doença, médico
frio, casaco
conhecimento, livro
lágrimas, papel
sujeira, água
viva!, taça

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

personagem, um corpo que age

Uma roda com cerca de quarenta pessoas onde cada um precisa dizer o nome. Mas não vale se apresentar como quem vai preencher uma ficha de inscrição. É preciso inovar. Pode levantar os braços, rodopiar, dar pulinhos e até juntar as palmas das mãos em sinal de prece. Você é quem escolhe. Foi assim que Solange Grande, atriz e uma das integrantes da dupla As meninas do Conto, deu início a aula Corpo e Espaço, do curso de contadores de história, na Biblioteca Hans Christian Andersen.

O objetivo do exercício era criar uma identidade com o nome por meio da linguagem corporal. O próximo passo foi ouvir sobre o colega ao lado e apresentá-lo aos demais. Com um minuto para falar, teve gente que foi direto ao ponto, como por exemplo, “essa é fulana, me contou isso e aquilo”. Já outros deixaram a narrativa com cara de estória (com e mesmo) e incorporaram a (o) “personagem”. Para Solange Grande, todos os alunos completaram a tarefa, porém, alguns detalhes não entraram em cena. “É essencial conhecer a história que será contada e tentar interagir com o seu público”, disse Grande.

Uma das alunas relatou que o nervosismo virou o grande protagonista da sua história. “Nesses anos de experiência como contadora, posso dizer que nunca fiquei totalmente tranqüila. Sempre existe um pouco de ansiedade e nervosismo”, compartilhou a professora. O truque, nesses casos, é utilizar a sua fragilidade como uma ferramenta amiga. Quê, como assim? “Pessoal, eu tenho uma história para contar hoje, mas eu tô tão nervosa!”, exemplificou Grande.

Sabe aquela expressão corpo vivo? Todos foram convidados a senti-la. Primeiro, aquietando a mente e prestando atenção na respiração. Prática recorrente nas aulas de yoga. Segundo, caminhar pela sala e reparar na forma como você e seus colegas andam, olham e respiram. Recursos que podem ser utilizados na hora de compor o seu personagem. O jeito de andar, de falar, de mexer os olhos e de sentar fazem toda a diferença. Novamente, é o conceito de criar uma identidade com o seu corpo.

No final, formaram-se grupos de seis pessoas a fim de criarem uma narrativa gestual. Gargalhadas vieram à tona. Todos os futuros contadores de história viram objetos, lugares e pessoas que não estavam na sala. Será que enlouqueceram?

Dica de leitura:

  • O ofício do contador de história, Gislayne Avelar Matos e Inno Sorsy

terça-feira, 9 de setembro de 2008

ah...se te contasse

Sou fã do site da Prefeitura de São Paulo. Se você está em busca de boas opções culturais, palestras e cursos com preços acessíveis ou até mesmo de graça, este é o lugar certo. Foi através dele que encontrei informações sobre a Biblioteca Hans Christian Andersen, especializada em contos de fadas. O local, que recebe o nome do famoso escritor de contos infantis como O patinho feio, O soldadinho de chumbo e A pequena sereia (só para citar alguns), foi nomeado como biblioteca temática em novembro de 2007.

Em agosto deste ano fiquei sabendo que eles promoveriam, agora em setembro, um curso de formação de contadores de história, com duração de três meses e meio, de graça. Fiz minha inscrição na biblioteca, no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. Descobri que eles ofereciam apenas 35 vagas e a minha inscrição já estava no número 129.

- Como será feita a seleção?, perguntei ao simpático atendente
- Ah, moça, isso é com a Secretaria da Cultura. Você preenche esse papel, explica quais são os seus objetivos e boa sorte, respondeu

Desejei-me sorte também. Na última sexta-feira do mês de agosto, dia 29, liguei para a biblioteca para saber se a lista de selecionados já estava pronta. A moça que atendeu me disse que já ia me ligar, mas por ansiedade, liguei antes.

- Parabéns, você foi selecionada!, uma voz vibrou do outro lado do aparelho, tão feliz quanto eu

Ao todo foram 412 inscritos para 35 vagas. Esse é o segundo curso de contadores de história promovido pela
Secretaria da Cultura na Hans Christian Andersen. Sábado, dia 6, foi o primeiro dia de aula. O encontro aconteceu na sala que leva o nome da crítica literária e professora Nelly Novaes Coelho, que tivemos o prazer de conhecer.

As três primeiras horas de aula foram reservadas para que todos os alunos se apresentassem. Como já era de se esperar, a maioria tem formação em educação, já trabalha com crianças ou conta histórias. Mas também há pessoas de outras áreas e experiências diversas, o que deve enriquecer ainda mais o curso. Literatura, educação, fantasia, magia, música e teatro foram os assuntos levantados pela roda de participantes. Prestei atenção em cada depoimento, na ânsia de colher um pouquinho de cada história. A delícia desses momentos é a troca de expectativas, de esperanças, de olhos brilhantes que ocorrem entre as pessoas.


Na hora do café (adoro!), conheci a jornalista Viviane Pascoal que acabou de lançar, em parceria com Arnaldo Mota, o livro Vidas em Retalhos, sobre a história de meninos de rua em Natal, no Rio Grande no Norte. Em seguida, recebemos Nelly Novaes Coelho, uma senhora de 80 anos, cheia de vida e de projetos. Que fôlego! Bom, leitores, a minha idéia até o final do curso é relatar um pouco sobre as aulas, indicar autores, livros e textos sobre literatura no geral, literatura infantil e infanto-juvenil. Espero que gostem! Por hoje, deixo alguns, citados por Nelly:

  • Vergílio Ferreira
  • Clarice Lispector
  • Machado de Assis
  • José Saramago
  • Fernanda Lopes de Almeida
  • O sofá estampado, de Lygia Bojunga
  • Gabriel Perissé

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

desafio

Aos três leitores (incluindo a autora, claro) deste blog,
já aviso que o caso é sério. O último livro que consegui ler inteiro, da capa a última página onde constam os dados sobre a impressão da obra, foi em março. Ai que vergonha! Pois é. Uma tristeza mesmo. Mas não é por falta de leitura. Eu leio durante o expediente inteiro de trabalho, leio jornal, revista, placa de rua, extrato bancário, planfeto de dentista, rótulo de shampoo, letreiro de ônibus, spam, instruções para estourar pipoca no microondas (!) e até pessoas. Livro que é bom, nada. Não foi por falta de tentativa. Já tentei começar um bocado. Chego no máximo até a página 30. Será que é algum sinal? Não, não acredito nessas coisas. As histórias são boas, eu quero saber sobre elas. Vou contar como funciona: antes de ir trabalhar, eu seleciono um livro para ler no caminho. E cada dia é um. Confesso que isso nunca me aconteceu. Eu sou fiel. Leio cada página, mergulho na história, penso sobre os personagens. Já misturei a ficção com a realidade. Por exemplo, lembro de alguma fala do personagem ou de alguma situação e esqueço que li no livro, acho que foi alguém que me disse. Só depois caio na real. Ops, são só palavras. Ou não, né. Enfim, contei tudo isso a vocês pois quero propor um desafio. Pronto, descobriram o porquê do título de hoje. Peço, gentilmente, que me enviem sugestões de livros. Olha, a minha estante está cheia deles, mas tá difícil. Só para facilitar a vida de vocês. Eu quero me envolver com a história, quero me apaixonar por ela. Se algumas dessas sugestões me proporcionarem isso (sim, eu sei que não depende apenas delas, depende de mim), a pessoa que sugeriu ganhará uma caixa de bombom. Um prêmio nada motivador, talvez. Mas pensem: alguma vez vocês já participaram de uma promoção com um prêmio desses? Não, né? Não deixa de ser uma novidade.