Se eu não enjoasse no carro, teria começado a escrever este texto dentro no uber mesmo, tamanha força com que as palavras têm insistido em sair. Como quem chega em casa com vontade de fazer xixi e sai correndo em direção ao banheiro, eu sai correndo para pegar o caderno, a caneta, e dar vida aos pensamentos.
Durante o trajeto até em casa, tive que "segurar" as palavras. Não sei exatamente como fiz isso e como esse ato se processou internamente. Figuradamente é como se as palavras estivessem dentro de um quarto, localizado no sótão, e eu me posicionasse atrás da porta, segurando-as com o corpo, numa brincadeira de pega-pega. Fiz isso pelo medo de perdê-las.
Ao sair desse lugar, é como se uma avalanche descesse a escada: solta, veloz, totalmente sem controle. Ultimamente o ato de escrever tem se materializado dessa forma.
O que mudou?
A autocrítica e a censura.
É claro que elas ainda existem dentro de mim. Converso com as duas todos os dias, mais de uma vez por dia até. A diferença é que agora elas não me dominam mais. Deixar a vida nas mãos dessas duas bruxinhas é assinar a carta da morte. Um tanto dramático, eu sei, porém real.
Com elas, nada se cria
Sem elas, tudo é possível
Com elas, a prisão do pensamento e da expressão
Sem elas, o salto no abismo
Com elas, a ilusão do caminho iluminado
Sem elas, a escuridão que leva ao redescobrir do mundo e do "eu"
quarta-feira, 10 de maio de 2017
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