Sempre gostei (ou precisei) dormir. E os fatos comprovam a teoria. Aos 8 anos ia à escola pela manhã e meu pai me chamava pouco antes de levar a minha mãe ao trabalho. A intenção, que raramente se concretizava, era me encontrar arrumada, com uniforme, cabelo penteado, rosto lavado e dentes limpos. Havia duas saídas. Primeira, levantava assim que ele me chamava, trocava a roupa e voltava a dormir ou não saia da cama até ouvir o barulho da chave abrindo a porta e, de sobressalto, procurava a roupa.
"Não acredito!", dizia senhor José
Chegava atrasada e dormindo em pé.
Chegava atrasada e dormindo em pé.
A segunda prova aconteceu depois. O zelador do prédio querendo falar comigo pelo interfone. Sem resposta, subiu no 2º andar e tocou a campainha 30 vezes - contagem do homem -, e nada. Bateu na porta mais algumas vezes. Ainda bem que parou por aí e acordei. Se contasse o causo para um médico ou psicanalista, talvez diriam. No caso do doutor, "você pode ter algum distúrbio do sono". Já o outro, "senta aí no divã. Você não quer encarar a realidade. Esse sono profundo é uma fuga". Talvez seja tudo isso e muito mais. Mas eu prefiro ficar com o seguinte: gosto mesmo da coisa e acabou.
Existe uma contradição nessa história que ainda não contei a vocês. Não faço parte da categoria dos dorminhocos anônimos que depois de um minuto em frente à TV, dormem. O que não é difícil. O meu sono demora a dar as caras. Lembro ainda quando criança que minha avó falou para dormir com um palito de dente espetado numa maça, que deveria ficar ao lado da cama. Naquela noite, dormi mais rápido. O poder de acreditar em alguma coisa!
Aproveito para citar outras situações contrangedoras que envolvem este assunto. Dormir na aula de sociologia e ouvir a professora não final do ano, "você não gosta das minhas aulas". No ônibus, dormir no ombro de uma passageira-dormindo. Ainda no ônibus, sonhar que um urso vai te atacar e dar um pulo. Perder "o ponto". Babar na própria roupa. Bom, acho que já deu para entender.
Nos últimos meses, além de dormir servir como o momento de descanso do meu dia, também é divertido. Os sonhos sem pé-nem-cabeça são um dos motivos. Depois porque confundo sonho com realidade (isso parece clichê, mas não é. Já explico). Por exemplo, estou sonhando qualquer coisa e o relógio toca. O precisar levantar passa a ser vivido no sonho. Nele, já levantei, tomei banho e estou no trabalho. E até resolvendo problemas. Que inconsciente eficiente. Vejam só! Quando percebo que ainda estou deitada, fico desesperada. Saio correndo. Se tudo dá certo, eu penso "é bom ter algum tipo de alucinação na vida. Nem que seja dormindo". Ficar refém de seu próprio corpo, pois não há nada para fazer. No máximo, "não acredito!"
3 comentários:
hahahahaha, pequeni vc me surpreendeu na profundidade sobre vc foi exatamente na profundidade do seu dormir :) Bjs
kkkk Nossa Ny, adorei a dorminhoca... De manhã me confesso uma dorminhoca nata... odeio acordar com o despertador e ter horário para desagarrar do meu travesseiro, mas, voilá, temos que viver em sociedade é o que dizem, mas que nossos sonhos malucos são bem mais gostosos, isso são! rsrs
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