Brasil, meu Brasil brasileiro,
meu mulato inzoneiro
vou cantar-te nos meus versos
o Brasil samba que dá
bamboleio que faz gingar
o Brasil do meu amor,
terra de nosso senhor
Brasil pra mim, Brasil pra mim
ah! abre a cortina do passado,
tira a mãe preta do serrado,
bota o rei congo no congado
Brasil pra mim, Brasil pra mim
deixa cantar de novo o trovador,
América olha a luz da lua
quando é canção do meu amor
quero ver essa dona caminhando
pelos salões arrastando o seu vestido rendado
Brasil pra mim, Brasil pra mim
Brasil terra boa e gostosa
da morena sestrosa
e de olhares indiscretos
o Brasil samba que dá ...
ah! esse coqueiro que dá coco
onde amarro a minha rede
nas noites claras de luar
Brasil pra mim, Brasil pra mim
ah! ouve essas fontes murmurantes
onde eu mato a minha sede
e onde a lua vem brincar
ah! esse Brasil lindo e trigueiro
é o meu Brasil, brasileiro.
terra de samba e de pandeiro
Brasil pra mim, Brasil pra mim
Inspirada na famosa composição de Ary Barroso, a exposição Brasil Brasileiro - Nossa Terra, Nossa Gente, está em cartaz até o dia 4 de janeiro de 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil, o CCBB. A apresentação comemora os 200 anos da chegada da família real e da fundação do Banco do Brasil. O objetivo de Brasil Brasileiro, que ocupa o térreo, o subsolo e mais três andares do edifício na região central de São Paulo, é mostrar "a cara" do nosso país, por meio da pintura, nesses dois últimos séculos. Logo na entrada há uma instalação do artista Nelson Leirner (foto acima). No subsolo está o tema nossa lutas, com telas que representam a opressão, a fome e a miséria dos nordestinos, a greve dos operários do ABC paulista e a ditadura militar. Nesse mesmo espaço, existe uma sala intitulada laboratório de criatividade, com canetinhas, lápis de cor, giz de cera e papel. É o lugar para sentar-se e expressar o que quiser sobre o Brasil. As cinco paredes da sala já estão completas, o pessoal soltou o verbo, literalmente. Há poucas telas expostas no primeiro andar. "Os trabalhos desse andar vieram de Recife e não puderam ficar numa sala com ar condicionado, porque a tinta não reagiu bem", explicou uma funcionária do local. Assim, o primeiro e o segundo andar se completam, no que se refere ao subtítulo da exposição. Nossa terra, nossa gente, no primeiro andar, retrata o maracatu, os objetos de uma casa recifense e um engenho, igual ao descrito e desenhado por Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala. A maioria das pinturas é do pernambucano Cícero Dias.
As rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti. As palavras do mestre Cartola foram colocadas ao lado de uma parede com telas de vasos com flores, com leituras de artistas diversos. Apenas uma, também de Cícero Dias, mostrava outro ângulo do tema, com mulheres colhendo flores. Frutas e animais, o amor, o trabalho em família e uma série de retratos, de casamento, da mãe amamentando o filho, da senhora segurando uma cesta com cacau e de outra senhora sentada numa cadeira, da cozinha, provavelmente, com uma fazenda ao fundo. Há outros retratos que exibem a vida do caipira, do pescador e do homem do sul.
Outra parede, dedicada ao futebol, conta com as palavras da música de Samuel Rosa e Nando Reis. Quem não sonhou ser um jogador de futebol?. Quadros de torcidas organizadas, da partida em si e até mesmo um de Portinari, em que um garoto segura a bola com o pé, com semblante zangado, enquanto outros dois olham para ele, deixando a entender que trata-se do "a bola é minha e ninguém vai mais brincar", atitude corriqueira nas peladas entre crianças e adolescentes. Para terminar esse andar, comento a tela que mais gostei. Chama-se Churrasco no quintal, de Sergio Vidal, feita em 2007. São tantos detalhes que parece uma fotografia. Mar, namoro escondido, pipas, fusca azul, crianças comendo fruta do pé, gato, cachorro, galinha, pintinhos, homens tocando samba, mulheres arrumando a comida e a cerveja. Esses são os principais elementos de Churrasco no quintal, que remete a um desses churrascos que fazemos em nossa casa, com uma diferença peculiar. O churrasco é só de peixe! No último andar, o terceiro, nossos sonhos fala da religiosidade, com releituras de Adão e Eva, da Santa Ceia, da Virgem Maria e das procissões. Além disso, fala-se também de festas, brincadeiras e hábitos, como soltar balão, empinar pipa, pular o carnaval, dançar, ir à casa de prostituição, cantiga de roda, parque de diversões e circo. Visitar essa exposição é uma das maneiras de reafirmar a nossa identidade cultural e refletir sobre a produção dos nossos artistas.
Serviço
O quê: a exposição Brasil Brasileiro
Onde: no CCBB (rua Álvares Penteado, 112, próximio ás estações Sé e São Bento do metrô)
Quando: até 4/01/09, de terça a domingo, das 10h às 20h
Quanto: gratuito
Contato: (11) 3113-3649