quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

prêmio Dardos


Ganhei o prêmio Dardos da Iêda, que foi minha professora de faculdade e hoje minha amiga e blogueira do Vida Bailarina. Fiquei muito feliz pelo presente. Um reconhecimento bacana. Segundo Iêda, "eu gosto muito de ler seu blog, sempre tem dicas muiiito legais". Obrigada! O selo representa o reconhecimento dos valores que cada blogueiro tem. Sejam eles éticos, literários, pessoais, profissionais, etc. Mas, para recebê-lo é preciso cumprir regras:


1- Exibir a imagem do selo;

2-Linkar o blog pelo qual você recebeu a indicação;

3-Escolher 15 outros blogs a quem entregar o Prêmio Dardos;

4-Avisar todos eles.


Logo mais divulgo a lista dos 15 que vou premiar.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

brasil brasileiro


Brasil, meu Brasil brasileiro,
meu mulato inzoneiro
vou cantar-te nos meus versos
o Brasil samba que dá
bamboleio que faz gingar
o Brasil do meu amor,
terra de nosso senhor
Brasil pra mim, Brasil pra mim

ah! abre a cortina do passado,
tira a mãe preta do serrado,
bota o rei congo no congado
Brasil pra mim, Brasil pra mim
deixa cantar de novo o trovador,
América olha a luz da lua
quando é canção do meu amor
quero ver essa dona caminhando
pelos salões arrastando o seu vestido rendado
Brasil pra mim, Brasil pra mim

Brasil terra boa e gostosa
da morena sestrosa
e de olhares indiscretos
o Brasil samba que dá ...

ah! esse coqueiro que dá coco
onde amarro a minha rede
nas noites claras de luar
Brasil pra mim, Brasil pra mim
ah! ouve essas fontes murmurantes
onde eu mato a minha sede
e onde a lua vem brincar
ah! esse Brasil lindo e trigueiro
é o meu Brasil, brasileiro.
terra de samba e de pandeiro
Brasil pra mim, Brasil pra mim


Inspirada na famosa composição de Ary Barroso, a exposição Brasil Brasileiro - Nossa Terra, Nossa Gente, está em cartaz até o dia 4 de janeiro de 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil, o CCBB. A apresentação comemora os 200 anos da chegada da família real e da fundação do Banco do Brasil. O objetivo de Brasil Brasileiro, que ocupa o térreo, o subsolo e mais três andares do edifício na região central de São Paulo, é mostrar "a cara" do nosso país, por meio da pintura, nesses dois últimos séculos. Logo na entrada há uma instalação do artista Nelson Leirner (foto acima). No subsolo está o tema nossa lutas, com telas que representam a opressão, a fome e a miséria dos nordestinos, a greve dos operários do ABC paulista e a ditadura militar. Nesse mesmo espaço, existe uma sala intitulada laboratório de criatividade, com canetinhas, lápis de cor, giz de cera e papel. É o lugar para sentar-se e expressar o que quiser sobre o Brasil. As cinco paredes da sala já estão completas, o pessoal soltou o verbo, literalmente. Há poucas telas expostas no primeiro andar. "Os trabalhos desse andar vieram de Recife e não puderam ficar numa sala com ar condicionado, porque a tinta não reagiu bem", explicou uma funcionária do local. Assim, o primeiro e o segundo andar se completam, no que se refere ao subtítulo da exposição. Nossa terra, nossa gente, no primeiro andar, retrata o maracatu, os objetos de uma casa recifense e um engenho, igual ao descrito e desenhado por Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala. A maioria das pinturas é do pernambucano Cícero Dias.
As rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti. As palavras do mestre Cartola foram colocadas ao lado de uma parede com telas de vasos com flores, com leituras de artistas diversos. Apenas uma, também de Cícero Dias, mostrava outro ângulo do tema, com mulheres colhendo flores. Frutas e animais, o amor, o trabalho em família e uma série de retratos, de casamento, da mãe amamentando o filho, da senhora segurando uma cesta com cacau e de outra senhora sentada numa cadeira, da cozinha, provavelmente, com uma fazenda ao fundo. Há outros retratos que exibem a vida do caipira, do pescador e do homem do sul.
Outra parede, dedicada ao futebol, conta com as palavras da música de Samuel Rosa e Nando Reis. Quem não sonhou ser um jogador de futebol?. Quadros de torcidas organizadas, da partida em si e até mesmo um de Portinari, em que um garoto segura a bola com o pé, com semblante zangado, enquanto outros dois olham para ele, deixando a entender que trata-se do "a bola é minha e ninguém vai mais brincar", atitude corriqueira nas peladas entre crianças e adolescentes. Para terminar esse andar, comento a tela que mais gostei. Chama-se Churrasco no quintal, de Sergio Vidal, feita em 2007. São tantos detalhes que parece uma fotografia. Mar, namoro escondido, pipas, fusca azul, crianças comendo fruta do pé, gato, cachorro, galinha, pintinhos, homens tocando samba, mulheres arrumando a comida e a cerveja. Esses são os principais elementos de Churrasco no quintal, que remete a um desses churrascos que fazemos em nossa casa, com uma diferença peculiar. O churrasco é só de peixe! No último andar, o terceiro, nossos sonhos fala da religiosidade, com releituras de Adão e Eva, da Santa Ceia, da Virgem Maria e das procissões. Além disso, fala-se também de festas, brincadeiras e hábitos, como soltar balão, empinar pipa, pular o carnaval, dançar, ir à casa de prostituição, cantiga de roda, parque de diversões e circo. Visitar essa exposição é uma das maneiras de reafirmar a nossa identidade cultural e refletir sobre a produção dos nossos artistas.
Serviço
O quê: a exposição Brasil Brasileiro
Onde: no CCBB (rua Álvares Penteado, 112, próximio ás estações Sé e São Bento do metrô)
Quando: até 4/01/09, de terça a domingo, das 10h às 20h
Quanto: gratuito
Contato: (11) 3113-3649

oras bolas


Paulo tem pouco mais de 20 anos. Já trabalhou como operador de telemarketing, mas não era apaixonado pela função, a realizava para manter o custo dos estudos. Dramaturgia, consciência corporal, interpretação. O jovem com jeito de menino estudou teatro. Sorri mostrando todos os dentes e garante. "É meu sonho". Conhecer o personagem, mergulhar em suas emoções e dar o melhor de si. Durante a semana, incansáveis horas de treino, para aos sábados e domingos, levar fantasia e magia para o universo infantil do espetáculo Oras Bolas, em cartaz até o dia 21 de dezembro no Teatro da USP, o Tusp. Dança, música, arte cênica, brincadeiras e animações são encenadas pelos seis atores na primeira montagem da Cia Noz de Teatro, Dança e Animação, sob o mote bolas. Bolas de vários tamanhos, cores e materiais. Bolas que voam, que pulam, que ficam na cabeça, que são passadas de mãos em mãos num jogo que exige concentração e habilidade. Os personagens pouco falam. A sonoplastia, o movimento dos corpos e as expressões dos atores dão o tom em Oras Bolas. As crianças (e os adultos!) se deixam levar, vão junto com as bolas e com os outros objetos geométricos, como o Menino Quadradinho e a Menina Triângulo. Explorando o recurso da luz negra, o Menino Quadradinho se transforma num robô e os outros integrantes, que manipulam bolas e bolinhas, criam um outro personagem, que mexe pernas e olhos. Um dos momentos mais bonitos do espetáculo. A confecção do cenário e o figurino foram produzidos pelo elenco, que utilizou armação de guarda-chuva, garrafas pet, isopor, entre outros. Além disso, aprenderam a costurar as próprias roupas. Com uma infância cada vez mais veloz, estimulada pela sexualidade, violência e informação guela abaixo, Oras Bolas é uma opção que lembra pula corda, bola de gude e bolo de vó.

a formatura

No último sábado, dia 6, aconteceu a formatura dos futuros contadores de história, incluindo essa pessoa que aqui escreve. A minha idéia era escrever um texto, um conto ou talvez um poema sobre esse acontecimento tão importante. Mas, meu querido amigo Ricardo, já o fez. Com sensibilidade e riqueza de detalhes, A Arte de Contar História. Confira!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

a casa

Os contos populares e os de tradição oral resistiram até este século porque nunca deixaram de contá-los ou escrevê-los. Como um objeto precioso, fazem parte da memória de uma sociedade. Eu quero fazer o mesmo com aquela casa. Quando penso que um dia posso esquecê-la, percebo a necessidade de preservá-la. Por enquanto, será um registro escrito, aqui neste espaço. Para quem sabe, daqui uns pingos de chuva, se materializar oralmente, num canto qualquer, para olhos atentos e mentes diversas. Para chegar à casa, os habitantes da região tinham que percorrer uma rua de paralelepipido. Uma subida estreita de calçadas finas e casas baixas. Reto, à direita e à esquerda. Um muro, uma casa, outra casa e a casa. Portão baixo, de ferro. Ao lado dele havia o registro d'água, que de-vez-em-quando recebia um bilhete dos homens que cuidavam do sistema hídrico dali. Antes de chegar no segundo portão, também de ferro, porém bem maior que o outro, uma estrutura de concreto semelhante a um palco. Um pequeno jardim ao meio, com rosas vermelhas de fortes espinhos. As rosas não eram bonitas como as de uma floricultura e nem eram feias. Eram. Após cruzar o segundo portão há duas alternativas. Seguir adiante, subir uma escada de três degraus e chegar à pequena varanda ou descer uma escada com mais de três degraus e chegar ao porão. Mato precisando de uma poda. Mudas de hortelã e erva-cidreira e um pé de goiaba no final do terreno. Ervas e frutas se entrelaçavam no matagal. Cocoricô. O galo da vizinha se pronunciava duas vezes ao dia, no restinho da madrugada e ao cair da tarde.
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante, e o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da pátria nesse instante
O papagaio da outra vizinha assoviava como manda seu dono. O porão escuro e com cheiro de mofo dava vida às brincadeiras da infância. Garrafas de vidro, ferramentas quebradas. Tralhas. Pedrinhas que sobraram de alguma reforma permaneciam ali. Uma grade de ferro também. Objetos, que jogados no porão, viravam parte da estrutura física da casa. Ninguém os tirava do lugar. Lá em cima é a varandinha de piso riscado e vaso verde claro. Dentro do vaso morava uma planta tão esquisita. Por ser assim, dava curiosidade de pegar, apertar, só para ver se saia alguma coisa de dentro. Entrada. Sala e quarto separados por uma porta alta, da altura da construção. Móveis de madeira escura e pesada. Renda, tricô e bordado. Tudo expirava um quê e um ser de antigo, desbotado, em promoção, empoeirado. E ao mesmo tempo, um quê e um ser de aconchego. Eu queria registar aquela casa.